Dias antes da tomada de posse de Barack Obama [a 20 de Janeiro], este é um post desconcertante: Ao fim de um ano a retrair-se de o escrever ("porque achei que estava a exagerar") Nexeus Fatale fala das frustrações em encontrar boas peles e acessórios étnicos para avatares.
Afro-americano e hispânico na vida real, Nexeus é um dos mais antigos
Residentes do Second Life, um DJ plenamente reconhecido, e um dos
principais organizadores da SL Community Convention (Convenção da
Comunidade SL). Apesar disso, ele narra incontáveis buscas em empórios
de moda de topo no SL, onde encontra apenas peles que são versões mais
escuras das claras, ou nem sequer descobre selecções de cabelos que
sejam populares entre as comunidades negras e latinas.
"Não estou a fazer acusações de racismo", sublinha à partida; antes, ele olha para o problema como uma falta de pesquisa da comunidade da moda no SL. "Creio que os designers devem reavaliar aquilo que têm e trabalhar na criação de mais produtos e conteúdos que sejam mais diversificados e de igual qualidade, ou então não fazerem nada". É um post que muito merece ser lido, incluindo a extensa (e às vezes acalorada) lista de comentários.
Pessoalmente acho que uma das principais razões é a falta de procura; Eboni Khan, dona de uma discoteca no SL, por exemplo, disse-me uma vez que a maior parte dos patrícios afro-americanos que conhece prefere usar avatares de pele mais clara. A solução pode exigir que se ultrapasse a barreira da linguagem. Parece que a extremamente numerosa comunidade brasileira do Second Life está a fazer um muito melhor trabalho de criação e venda de avatares etnicamente diversificados - mas se assim acontece, é difícil para o mundo que não fala português saber que eles existem.
Sobre a tradutora Tonjampae Amat: "Lisboa é a minha cidade, de entre algumas outras que ouso chamar minhas. Adoro a sua luz, a heterogeneidade do seu povo - e agora já estou a falar do meu país - e a riqueza da sua língua. Sou jornalista e escrevo sobre política internacional. (Aprendi as primeiras coisas que sei sobre política em livros de ficção científica, uns livros pequeninos, de capa azul, que povoaram as minhas tardes da infância e adolescência). "Descobri o Second Life através de amigos, que mo apresentaram como um espaço de comunicação global e um universo de criatividade em contínua expansão. Fez-me recordar os meus sonhos de Argonauta. Já lhe vou dominando a linguagem nas palavras e, mesmo não tendo ainda sido capaz de desenhar sequer uma linha recta, sei que um dia conseguirei construir um barco."
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