Eis uma óptima machinima de terror para ensombrar o vosso Verão no Second Life: "Nevermore", de Pyewacket Bellman e Niten Altamura.
É uma abordagem solta aos trabalhos de Edgar Allan Poe, e aos filmes que o escritor inspirou; é também uma das primeiras machinimas dotadas de total narrativa que já vi a usar a função de sombras dinâmicas do Second Life. (Neste caso, foi utilizado o programa Shadowdraft de KirstenLee Cinquetti.) "Nevermore" começou como uma adaptação de "O Corvo", o poema clássico sobre o amor perdido e a loucura que tal inspira, mas acabou por evoluir para uma maior abrangência do trabalho de Poe.
Conforme Niten explica, sorrindo, "Já há demasiados pássaros no YouTube."
Assim, prossegue ele: "É mais como a abordagem de Roger Corman a Poe, em technicolor total... O personagem principal é uma espécie de mistura de Johnny Depp, Vincent Price e, claro, o narrador do poema." O trabalho final constitui uma peça de estado de espírito gótica e lustrosa, um sonho febril após uma noite de absinto, que apunhala com gumes de terror nocturno.
Conta-me Niten Altamura que, tecnicamente, a parte mais difícil na feitura da machinima foi a utilização do Shadowdraft, "porque as sombras são um probleminha do diabo". "São bonitas de ver, mas ao mesmo tempo há que ser-se cuidadoso para onde se aponta a câmara - porque algumas texturas estão constantemente a aparecer e a desaparecer subitamente."
A fase de pós-processamento foi feita com Photoshop e Premiere Pro, com a captura das imagens no Second Life usando o Fraps. "O Second Life não se adequa a contar histórias da mesma forma que nos filmes", avalia Niten. "Por isso tivemos que forçar um pouco as regras (como fizemos ao dar a volta às luzes e no mapear das sombras) de forma a contar esta história. Mas é muito recompensador quando todas as peças se ajustam." Vejam mais belíssimas machinimas do SL aqui.
Sobre a tradutora Tonjampae Amat:
"Lisboa é a minha cidade, de entre algumas outras que ouso chamar minhas. Adoro a sua luz, a heterogeneidade do seu povo - e agora já estou a falar do meu país - e a riqueza da sua língua. Sou jornalista e escrevo sobre política internacional. (Aprendi as primeiras coisas que sei sobre política em livros de ficção científica, uns livros pequeninos, de capa azul, que povoaram as tardes da minha infância e adolescência).
"Descobri o Second Life através de amigos, que mo apresentaram como um espaço de comunicação global e um universo de criatividade em contínua expansão. Fez-me recordar os meus sonhos de Argonauta. Já lhe vou dominando a linguagem nas palavras e, mesmo não tendo ainda sido capaz de desenhar sequer uma linha recta, sei que um dia conseguirei construir um barco."
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