Um dos mais notáveis arquitectos do mundo é conhecido tão só pelos edifícios virtuais que ele (ou, tanto quanto sabemos, pode ser ela) cria e pela imagem digital em três dimensões do seu avatar. Apesar de muito poucas pessoas saberem de verdade quem é a pessoa que está detrás de Scope Cleaver, o trabalho que ele criou para a ilha da Princeton University no Second Life é elogiado por toda a comunidade do metaverso.
E está, também, a conquistar a atenção até entre gente que pode nunca ter ouvido falar do Second Life, uma vez que o trabalho de Scope apareceu recentemente num artigo da revista do New York Times sobre arquitectura no SL - e, agora, num artigo da última edição da Architecture Now, uma série muito conceituada da editora alemã Taschen, que dá uma análise sobre os mais importantes arquitectos por todo o mundo.
Assim, os fãs da arquitectura que lerem, por exemplo, a secção da Architecture Now sobre Daniel Liebeskind, o elogiado designer do Museu Judaico de Berlim e que irá reconstruir o nova-iorquino World Trade Center, podem dar consigo a olhar para um outro arquitecto que, no sentido estrito, não existe.
Como é que isto aconteceu? O parceiro de terraforming de Scope, Poid Mahovlich, pôs-me em contacto com Scope, que, por sua vez, me pôs em contacto com o autor de Architecture Now, Philip Jodidio. Ele viu uma menção online, em algum lado de que não se recorda, ao trabalho de Scope no Second Life, explicou-me, e descobriu uma maneira de encontrar em contacto com Scope.
"Achei a ideia deste tipo de arquitectura virtual intrigante", diz-me Jodidio, "e tento dar a maior variedade possível de conteúdos no livro." Mas porquê elencar "Scope Cleaver" no livro em vez da pessoa verdadeira que esta por trás do avatar? "Scope recusou insistentemente revelar a sua identidade", diz-me ele, "o que explica o avatar."
"Ele foi muito simpático em concordar não revelar nenhuma informação sobre a minha vida real e em ter-me identificado com a minha localização no SL e o nome do meu avatar", afirma Scope. "Depois trocámos alguns emails a propósito de layouts e aprovações."
Na minha opinião, isto abre um precedente que sugere que os avatares do Second Life com o talento e a fama de Scope podem conquistar reconhecimento (e encomendas de trabalho) num âmbito mais vasto sem jamais revelarem a sua identidade na vida real. Presumivelmente, os únicos que precisam de o saber são aqueles que assinam os contratos e os cheques. (A não ser, claro, que a pessoa por trás do avatar também opte por legalmente mudar o seu nome para o do avatar.)
Sobre a tradutora Tonjampae Amat:
"Lisboa é a minha cidade, de entre algumas outras que ouso chamar minhas. Adoro a sua luz, a heterogeneidade do seu povo - e agora já estou a falar do meu país - e a riqueza da sua língua. Sou jornalista e escrevo sobre política internacional. (Aprendi as primeiras coisas que sei sobre política em livros de ficção científica, uns livros pequeninos, de capa azul, que povoaram as tardes da minha infância e adolescência).
"Descobri o Second Life através de amigos, que mo apresentaram como um espaço de comunicação global e um universo de criatividade em contínua expansão. Fez-me recordar os meus sonhos de Argonauta. Já lhe vou dominando a linguagem nas palavras e, mesmo não tendo ainda sido capaz de desenhar sequer uma linha recta, sei que um dia conseguirei construir um barco."
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