Assisti a um avanço marcante no fim-de-semana passado [30 e 31 de Maio] na conferência Metaverse U, durante uma demonstração do Science Sim, o projecto de OpenSimulator, patrocinado pela Intel, que liga uma série de experiências científicas de 3D numa rede interconectada. Feita por Tom Murphy, da Contra Costa College, a apresentação foi em si própria excitante, mas o que realmente me deixou de boca aberta foi o que aconteceu durante a demonstração:
Nessa demonstração Murphy fez correr um viewer de OpenSim num grande ecrã de vídeo, teleportando de um projecto científico em sims localizados no Oregon para outros que estão no Utah e daí para outros na Universidade de North Western, no Illinois, regressando depois ao ponto de origem. Da perspectiva de quem estava a assistir, o procedimento de teleporte parecia-se exactamente com aquele que vemos no Second Life, com a excepção de que em vez de o teleporte ser feito de uma parte da rede para outra, Murphy estava a mover-se de um grupo privado de servidores em OpenSim para outro grupo. O processo decorria sem saltos nem interrupções, de forma imediata e intuitiva.
Isto perfila-se-me como uma profunda inovação. Na prospectiva de um avatar é agora possível viajar de um sim privado em OpenSim para outro sim privado em OpenSim de uma forma que não se diferencia da do Second Life. Claro que o teleporte de dinheiro virtual e bens é uma outra questão, mas para as experiências no metaverso que não os requerem o OpenSim é agora uma alternativa viável.
O código de software do teleporte foi criado por Cristina Videira Lopes, antiga investigadora da empresa Palo Alto Research Center Inc. (PARC, antes chamada Xerox PARC), que é actualmente professora de Ciência Informática e das Tecnologias de Informação na Universidade da Califórnia Irvine. (No SL, ela é Diva Canto). Ela é também a visionária por trás da hiper-rede OpenSim, sobre a qual escrevi para a OStatic há algum tempo. Como é que ela o fez?
"Os teleportes (transferências de agentes) são protocolos complicados que envolvem vários componentes em interacção: o cliente, o local de partida (a região), o local de destino, o servidor do utilizador e, em alguns casos, o servidor do inventário", explicou-me Crista mais tarde. "Desenhei vários diagramas sequenciais que explicam como os teleportes funcionam, tanto actualmente como noutras abordagens", prossegue. O processo que ela está a usar no SienceSim é conhecido como Grider (podem descobrir mais sobre o Grider na wiki do OpenSim, aqui.)
Fiquem com a Crista debaixo de olho, porque ela está a trabalhar em outras grandes inovações. Surpreendentemente não foi convidada para colaborar no projecto de interoperabilidade da Linden Lab e da IBM, que pretende ligar o Second Life ao OpenSimulator. Mas, por outro lado, parece que ela está a ter mais progressos a fazer as coisas do jeito dela.
Sobre a tradutora Tonjampae Amat:
"Lisboa é a minha cidade, de entre algumas outras que ouso chamar minhas. Adoro a sua luz, a heterogeneidade do seu povo - e agora já estou a falar do meu país - e a riqueza da sua língua. Sou jornalista e escrevo sobre política internacional. (Aprendi as primeiras coisas que sei sobre política em livros de ficção científica, uns livros pequeninos, de capa azul, que povoaram as tardes da minha infância e adolescência).
"Descobri o Second Life através de amigos, que mo apresentaram como um espaço de comunicação global e um universo de criatividade em contínua expansão. Fez-me recordar os meus sonhos de Argonauta. Já lhe vou dominando a linguagem nas palavras e, mesmo não tendo ainda sido capaz de desenhar sequer uma linha recta, sei que um dia conseguirei construir um barco."
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